Todo tirano tem em seu caminho uma bala perdida (bem vinda) que lhe tira a vida, derruba-o do poder. Jacytan Melo

Caldeirão lisergico - Malungo e Leonardo Chaves

Vídeo produzido por Malungo e Leonardo Chaves, mostra lances da poesia alternativa pernambucana, registros de fotos, livros e cartazes com textos de Francisco Espinhara e Bráulio Brilhante, além de poemas do livro de Malungo,"O terceiro olho usa lente de contato" numa estética de video clip.

Fragmentos de um Livro leve com águas e anoitecimentos

Fragmentos de poemas de um Livro leve que virá com "Águas e anoitecimentos" de Edmir Carvalho Bezerra

Marcelino Freire

Tempo Ácido - poeta Malungo

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Poema de Di Cavalcanti > Ali ela morava



Fonte: Imaginário Poético - revistaimaginariopoetico@gmail.com
 
Apresento a vocês uma verdadeira raridade que garimpei em um sebo: um poema de Di Cavalcanti publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, organizada e apresentada por Manuel Bandeira em 1946. Mas deixo que o próprio Bandeira apresente o pintor como poeta:

"O seu verdadeiro nome é Emiliano Cavalcanti, mas sempre se assinou Di Cavalcanti, e às vezes Emiliano Di Cavalcanti. (...) Teve atuação saliente no movimento modernista; foi mesmo dêle que partiu a idéia da 'Semana de Arte Moderna', realizada em São Paulo em fevereiro de 1922. (...) Se Di Cavalcanti não fôsse por vocação pintor, poderia ser escritor, pois tanto no verso como na prosa revela o dom da expressão aguda e original. Afora poemas avulsos, escreveu um livro de poesia, até o presente inédito, intitulado 'O Testamento da Alvorada'."

O Testamento poético de Di foi publicado em 1955 e atualmente só pode ser encontrado em alguns sebos pela bagatela de uma centena de notas e uma mão de moedas. Enquanto isso as grandes editoras brasileiras publicam ora autores nacionais que se ocupam com uma literatura de massa, ora traduções baratas de best sellers de autores estrangeiros cuja qualidade literária não vale as árvores que fizeram tombar para que suas páginas fossem impressas. Nesta perspectiva temos o placar de 3x0 para a publicação na web: 1 ponto porque não derruba árvores; mais 1 porque não se move ao sabor do mercado editorial, ao menos não necessariamente, e ainda outro por, democraticamente, disponibilizar textos importantes e até mesmo indispensáveis à cultura de uma nação, mas às vezes materialmente indisponíveis ao grande público.

Sendo assim, aproveitem um pouco do poeta Di Cavalcanti, pois é bom, gratuito e ecologicamente correto!
Abraço a todos,
dana paulinelli

 

[O Beijo, Di Cavalcanti, 1923]

A virgem morena
Pedia pecado.

Na noite do mêdo,
No lago das cobras,
Os olhos de fôgo
Da virgem morena
Queriam desgraças,
Queriam paixão...
O vento açoitava;
As flores dolentes
De espasmo murchavam


A virgem morena
Pedia pecado.

As pernas molhadas
De água cheirosa
Abriam-se em galho
No negro do céu.
Os seios da virgem,
O' seios da virgem!
Dois lírios de ouro.

A virgem morena
Pedia pecado.

A virgem morena
É a deusa do mal?

Assim contaram-me no barranco
do Rio Grande...

É aquela que mata
Os homens fogosos
Que tentam beijá-la?
É a morta viva dos infernos?
Não tem coração nem alma
Aquela que só deseja o dia
E vive na treva?
É ela a rainha de mil desejos flagelada?

A virgem morena
Pedia pecado.

Caiam dos ramos
Os frutos de sangue
Corujas e bruxas
Dançavam no ar,
As pombas noturnas
Morriam de amor.

A virgem morena
Pedia pecado.

Porque essa angústia
Na incompreendida virgem?
Êste céu negro
E o visgo verde das folhas venenosas?
Porque tanta coisa maldita
Cercando o corpo da virgem?

A virgem morena
Pedia pecado.

A morte beijou a virgem;

Gritavam caiporas
Uivavam as antas,
As onças hurlavam,
As cobras mordiam
As ancas das éguas.
O' gritos de corvos!
O' risos de loucos!

A morte beijou a virgem;

Nunca ninguém soube seu nome,
Seu corpo virou terra,
A erva daninha,
Nasceu pela terra
Com espinhos ferindo os pés dos homens.

A virgem morena
Pedia pecado.


DI CAVALCANTI, Emiliano. In: BANDEIRA, Manuel. Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos. 1a edição. Rio de Janeiro: Livraria Editora Zelio Valverde, 1946. p.51,53.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Récita da Liberdade - A poesia de Frei Caneca

Récita da Liberdade


Um dos mais importantes personagens da história pernambucana será homenageado próximo dia 13, no Museu da Cidade do Recife. O religioso, jornalista e revolucionário Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo – mais conhecido como Frei Caneca – será lembrado em solenidade na sede do próprio museu, no Forte das Cinco Pontas.

Frei Caneca, um dos mentores intelectuais da Revolução de 1817, foi executado em Recife em 1825. Suas críticas ao governo português ficaram famosas no jornal que editava, o Typhis Pernambucano. Na homenagem programada no Museu da Cidade do Recife consta um recital de poesia reunindo o elenco do grupo Vozes Femininas: Cida Pedrosa, Mariane Bigio, Silvana Menezes e Suzana Morais e do quartetro de musisitas Flores de Maio.

A programação começa as 17h, com entrada franca.




Trecho de um poema de Frei Caneca

O peito d’antes sereno
Centro de amor e ternura,
Agora é morada escura
De males mil, com que peno.
Vós p’ra quem um fado ameno
Aponta com áureo dedo,
Fugi de mim porque cedo
Mudar-se vereis a sorte;
Pois o meu mal é tão forte,
Que até de mim tenho medo.



Confira outros textos do poeta
 
 

o maior acervo da poesia pernambucana na internet

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Augusto de Campos - Intradução: asa de akhmátova (1997)






LUIZ ALBERTO MACHADO & BANDA NA ARTNOR 2010



No próximo dia 18 de janeiro, a partir das 20 hs, na 15ª Feira de Artesanato do Norte e Nordeste – ARTNOR 2010, o compositor e poeta Luiz Alberto Machado realiza show musical apresentando suas composições musicais e poemas, acompanhado de sua banda.

O show faz parte da programação da ARTNOR 2010 e traz algumas das suas músicas já gravadas por diversos artistas, bem como outras canções, xotes, baladas e frevos de sua autoria.

Luiz Alberto Machado possui formação em Letras e Direito, tendo já publicado 6 livros de poesias, 7 infanto-juvenis, 2 de crônicas e 1 folheto de cordel. Ele é editor do Guia de Poesia do Projeto SobreSites – RJ, é radialista com trabalho em diversas emissoras e membro da Cooperativa dos Músicos de Alagoas – COMUSA.

SERVIÇO: LUIZ ALBERTO MACHADO & BANDA

Quando: dia 18 de janeiro, a partir das 20hs.
Onde: XV Feira de Artesanato do Norte e Nordeste – ARTNOR 2010, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, no bairro de Jaraguá, em Maceió.

Ingresso: R$ 2,00 (inteira) e R$ 1,00 (estudante e melhor idade)

Ponto de Venda: no local do evento

Informações: 0800 570 0800, 88454611 ou http://www.luizalbertomachado.com.br/

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

SONHADOR

Sou apenas um cidadão
pobre, negro, desnutrido,
nordestino e sem dinheiro no banco
sendo obrigado a dizer "sim senhor"
a pequenos e seletos grupos
como forma de sobrevivência.
Eu sou apenas um sonhador
que acredita em uma convivência
(vivência) 
mais humana com o semelhante,
sem precisar pedir-lhe
identidade, passaporte,
comprovante de residência
(indigência)
atestado de antecedentes criminais
Recife, novembro 2009

Jacytan Melo poeta, músico e produtor


Entre em contato com Jacytan Melo

Nome

E-mail *

Mensagem *

Uma viagem entre becos e vielas, escombros e ruínas, pontes e palafitas que trafegam nos versos do poeta Malungo. Vídeo participante da 4ª edição da Mostra "TV no Parque" - agosto/2009