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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Chacal e a poesia marginal

Quer algo mais marginal do que fazer mil exemplares de uma obra de 34 páginas usando apenas um mimeógrafo?

Por Vinícius Menna


Ricardo de Carvalho Duarte, o Chacal, é considerado um dos grandes nomes da geração mimeógrafo. Começou a gostar de poesia lendo Oswald de Andrade. Em 1971, aos 20 anos, publicou o primeiro livro, o "Muito prazer, Ricardo" – cem exemplares mimeografados. No ano seguinte, publicou "Preço da Passagem" – 34 folhas mimeografadas, dentro de um envelope, com uma tiragem de mil exemplares.


Atualmente, ele é curador e produtor cultural. Coordena o projeto CEP 20.000 – Centro de Experimentação Poética – um evento mensal, multimídia, criado por ele em 1990, com o apoio da Rioarte.


"Vou falar sobre poesia falada e cantada, dentro da experiência de mais de 30 anos que eu tenho com isso. Desde 1975, falamos em forma de poesia no lançamento dos nossos livros, o que se tornava um incentivo para que as pessoas comprassem a obra. Era uma grande festa ligada à poesia. E aí, começamos a tomar gosto pela coisa. Era poesia com jeito de rock and roll", contou o poeta Chacal.


Em 1975, Chacal participou de um grupo de poetas chamado Nuvem Cigana, que era uma mistura de música com poesia. Era uma poesia pop e urbana que, segundo ele, fez com que a poesia recuperasse a fala.


"A idéia era tirá-la [a poesia] dos livros. Não só vendíamos livros, mas trazíamos o corpo para fazer poesia, com a fala, com os gestos. Deixar a poesia dentro dos livros faz com que só a elite possa apreciá-la. Acho que isso tudo que fizemos mudou a cara da poesia", comentou o poeta.


No início dos anos 1980, a Nuvem Cigana acabou e o rock de bandas como Blitz, Lobão e Barão Vermelho apareceram. "Começamos a fazer letras para essa turma. A poesia marginal tomou conta da música. Além de ganharmos dinheiro com isso, amplificamos nossas idéias aos jovens da época", afirmou Chacal.


Para ele, a poesia marginal teve destaque justamente porque levantou algo que os poetas no geral vetam. "A Heloisa Buarque de Holanda, disse na mesa que a poesia marginal era aquela que era feita de forma alternativa, através do mimeógrafo e da xerox", disse Chacal.


"Mas, o mais importante mesmo foi trazermos o corpo e a fala à poesia, o que é vetado principalmente na poesia. Esta é a grande marca, a atitude de ir às ruas, o rock and roll, o beat, a contracultura, essa coisa toda", arrematou.

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Uma viagem entre becos e vielas, escombros e ruínas, pontes e palafitas que trafegam nos versos do poeta Malungo. Vídeo participante da 4ª edição da Mostra "TV no Parque" - agosto/2009